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O papel do agronegócio na conservação da natureza: implicações sobre a PL 490/2007 e MP 1150/2022


Recentemente, acompanhamos aprovações no congresso que colocam novamente em cheque questões sobre demarcações de terras indígenas e proteção da Mata Atlântica (PL 490/2007 e MP 1150/2022, respectivamente) além de mudanças no recém nascido ministério dos Povos Indígenas e do recém reformado ministério do Meio Ambiente. Essas mudanças trarão impactos não só ambientais, mas também econômicos.

Estimativas recentes indicam que a cobertura original remanescente na Mata Atlântica é inferior a 10%, mas ainda fornece importantes serviços ecossistêmicos locais. Já a Floresta Amazônica perdeu cerca de 20% da cobertura original, e estima-se que esse número chegue a 40% até 2050. Porém, os ciclos de automanutenção da floresta já estão prejudicados, o que pode levar ao colapso total da floresta. A redução da cobertura florestal tem consequências econômicas: estima-se que a evapotranspiração da floresta amazônica libera diariamente mais água na atmosfera do que a liberada pelo próprio rio Amazonas. Parte dessa umidade flui para as regiões do sudeste, sul e centro-oeste do Brasil, responsáveis por 70% do produto interno bruto (PIB) do continente. Se a Amazônia não produzir mais chuva para as lavouras do país, o Brasil terá uma perda estimada de trilhões de dólares nos próximos 30 anos. Para o mesmo período, as projeções mostram reduções na produção de soja de 25 a 60% e reduções na produtividade de pastagens de 28 a 33%.

Cerca de 24% do PIB do Brasil vem do agronegócio. Graças ao setor, o primeiro semestre desse ano teve um PIB impulsionado em 1,9%. A guerra comercial entre Estados Unidos e China aumentou a demanda por commodities brasileiras e, por sua vez, impulsionou o desmatamento na Amazônia. Com o aumento recente da proximidade política entre China e Brasil, essa demanda tende a se manter. No entanto, como as atuais políticas ambientais do Brasil divergem dos interesses da União Europeia, a demanda por exportações pode diminuir na Europa, ameaçando a sustentabilidade econômica do agronegócio. Como alternativa, o Brasil precisa investir em tecnologia para recuperar áreas improdutivas e regulamentar o mercado de créditos de carbono ao invés de flexibilizar políticas ambientais para manter o aumento da produtividade. Assim, é vital para a economia do Brasil, bem como para o meio ambiente, que os produtores se unam e exijam treinamento e tecnologia, além de crédito por manter florestas em pé, em vez de flexibilização de políticas ambientais.



Originalmente, essa carta foi publicada no periódico Science por Daniel Arruda e colaboradores em 2019, um outro contexto político e econômico, mas que infelizmente ainda segue muito atual. Para melhor contextualização, foi reescrita com algumas alterações. A versão original pode ser lida no link abaixo.

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